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Ainda sobre o futebol profissional…

Não é de hoje que proponho um debate sobre Santiago ter de volta o futebol profissional, que tantas alegrias nos deu até a primeira metade dos anos 90. É claro que o assunto rende, então não vai ser hoje, nem amanhã, nem depois que vamos parar de falar a respeito. Minha intenção é despertar esse desejo de muitos para saber o que pensa a comunidade esportiva, se há mesmo como fazer, quem poderia e quando um projeto assim seria viável, se é que seria. No sábado, ao ver o bom público e a estrutura que me fizeram lembrar o então estádio Alceu Carvalho (hoje rebatizado José Francisco Gorski) postei novamente uma pequena provocação, que rendeu.

Mantenho meu posicionamento de que dá pra fazer, mas cabem aqui alguns esclarecimentos importantes, até para que possamos seguir adiante com a discussão.

O primeiro ponto é que quando questiono não culpo a direção do Cruzeiro por isso, não 100%. O que acontece é que nossa referência de futebol de campo é o Raposão, que tão bem nos representou por muito tempo. A iniciativa de ter ou não futebol deveria naturalmente partir de lá de dentro, mas não precisa necessariamente ser esse o caminho. Minha crítica/questionamento engloba todos que poderiam tomar essa iniciativa, afinal de contas há maneiras de fazer essa retomada sem envolver o clube diretamente, pelo menos no primeiro momento. Mais adiante, com um projeto bem elaborado, dá pra incluir o Cruzeiro em algum tipo de parceria que permita utilizar a estrutura que ali está, afinal não são todas as cidades do porte da nossa que possuem essa base, como um bom estádio, bem localizado e com iluminação. Não depende única e exclusivamente do Cruzeiro para acontecer, tudo passa pela vontade e coragem de alguém ou algum grupo dar o pontapé inicial e depois, se houver interesse, o clube entra na jogada.

Outro ponto importante é o querer da comunidade, da torcida que como eu sente falta daqueles jogos no domingo à tarde e muitas vezes até no meio de semana, também nas tardes pela falta da iluminação que só veio muitos anos mais tarde, com o crescimento da Copa Santiago. é óbvio que para se ter um time atuando profissionalmente os custos não são baixos, mas vamos combinar que com a boa base que temos de atletas surgindo com frequência as coisas ficam mais fáceis. É só dar uma passada geral que logo surge uma boa lista de atletas com qualidades que estão ou estiveram no mercado do futebol recentemente. Talvez o melhor exemplo no momento seja o Charles, mas existem tantos outros. O jovem goleiro Murilo, que hoje está na Base do Grêmio, é outro exemplo de cria de Santiago se revelando para o mercado da bola.

Aí chegamos no ponto que é crucial: a Base. Formar jogadores torna as coisas ainda mais fáceis. Hoje, por exemplo, temos equipes de futsal disputando competições em diversas categorias, temos a parceria do Bola Pro Futuro com o Cruzeiro que ainda está sendo afinada para render ao campo os mesmo frutos que rende às quadras, mas entendo que é algo que precisa ser planejado em conjunto. Hoje temos uma secretaria específica para o Esporte, temos estrutura, temos atletas, nos falta ligar os pontos, penso eu. Precisamos ter uma base que trabalhe os meninos desde cedo para que possam, por exemplo, chegarem no auge para a Copa Santiago, mas esse tem que deixar de ser o fim da linha pra grande maioria. Assim como aconteceu no futsal há duas décadas, precisamos criar uma referência lá na frente para que a gurizada se espelhe, pra que eles sonhem em vestir a camiseta do clube da cidade. Não se faz profissional sem base, mas também não se faz base somente para uma competição, é preciso dar uma opção para que possam ir adiante um pouco mais, pra que nossos jovens com potencial possam ser mais lapidados até quem sabe despontarem em um grande clube, claro, gerando frutos para o clube que o formou.

Como dá pra ver, o assunto dá pano pra manga. Rende mais uma dúzia de postagens, cada uma com foco em algo específico, mas de momento vamos ficar por aqui. Em breve vamos promover o debate com convidados nos programas e ampliar a discussão. Se as portas se fecharem definitivamente prometo que me calo e não provoco mais discussões sobre o tema, mas antes me mostrem na prática que é 100% inviável. Se me provarem que NÃO TEM MESMO COMO FAZER eu guardo a viola no saco e assunto encerrado. Pero até lá, vamos debater para, quem sabe, acordar esse gigante adormecido.

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