A primeira rodada do Brasileirão não teve vitória gaúcha, isso todo mundo sabe. E o que isso significa? Na verdade nada a longo prazo, pois ainda há muita água pra passar debaixo da ponte nas 37 rodadas que virão, mas que fica a decepção, a frustração e uma pulga atrás da orelha sobre o que nossos representantes serão capazes de produzir, isso fica.
Nem tão ruim
Dos três insucessos (pra não simplesmente chamar de tropeços), o do Juventude é o menos contundente. Claro que depois conseguir uma virada na casa do adversário em uma estreia de campeonato, voltar pra casa com um ponto apenas é amargo, é frustrante, mas não podemos simplesmente ignorar o contexto de um time que vem sendo refeito após o Gauchão e que tem jogadores ainda em fase de adaptação, como o Chico, por exemplo, que ainda vai subir muito de produção. Há tempos que digo que Wescley vai fazer a diferença também, aí imaginem estes dois jogadores acima da média do grupo ao lado de um ou dois reforços e mais entrosados. Acredito que o Ju vai fazer valer o fator local na maior parte dos jogos, portanto cada ponto somado longe de Caxias do Sul deve ser considerado. Sim, sim, dava pra ter vencido, dava pra ter voltado pra Serra com três pontos, mas entre os gaúchos foi quem menos perdeu em seu campeonato paralelo para se manter na Série A.
Reprise de erros
A derrota do Grêmio também poderia ter sido evitada e um ponto buscado fora de casa após uma virada também poderia ser comemorado se não fossem por erros que se repetem mesmo depois da troca de técnico. Insistir em um meio-campo pesado, lento e quase zero de criatividade diante de um Ceará meia boca é pedir pra levar. Claro que dois dos jogadores mais importantes e eficientes da atualidade (Diego Souza e Ferreira) dificulta, mas se tem algo que vai fazer parte da rotina são os desfalques, portanto, o equívoco está na decisão de quem escalar na vaga de que poderia resolver e não pode estar em campo. Desde os tempos de Renato tá claro que com dois volantes brucutus e Matheus Henrique como “falso armador” não dá. Nem se trata de ousadia, não precisa colocar o Jean Pyerre disfarçado de volante, basta colocar o Darlan, que tem mais mobilidade. Cair nas mesmas armadilhas do antecessor pode encurtar a passagem de Thiago Nunes pela Arena. Ele precisa entender que se substitui Renato precisa propor soluções diferentes. Se não quisesse isso a direção teria mantido Portaluppi.
Mais do mesmo
Único gaúcho a estrear em casa o Inter mais uma vez entregou a rapadura para o Sport, aquele mesmo que interrompeu a caminhada colorada rumo ao título brasileiro do ano passado. Mesmo promovendo algumas mudanças praticamente impostas pela torcida e pela imprensa (a qual Miguel Angel Ramírez diz ignorar), o Colorado não soube segurar a vantagem e perdeu a oportunidade de começar a ganhar aquela gordurinha necessária pra quem tem uma maratona de três competições se avizinhando. Assim como o tropeço da temporada passada, a vitória e os pontos perdidos hoje no Beira-Rio podem fazer falta na reta final, e não se trata de “descobrir a América”, dizer isso é sim chover no molhado. Me parece que falta convicção ao técnico espanhol e não sei até quando resiste a ela. Certo que resultados dirão de quanto tempo será sua passagem e a desculpa da adaptação não vai durar 38 rodadas, ou seja, avançar na Copa do Brasil e Libertadores serão a única maneira de acalmar os corações colorados que exigem o sair da fila no Brasileirão.
Mas era isso. Foi apenas a primeira rodada e o que aconteceu nesse final de semana – o primeiro de uma maratona que supostamente encerra em dezembro – não serve de referência pra nada, apenas para que os erros não sejam cometidos novamente ou pelo menos não de forma de tão repetida e com tanta assiduidade.